sábado, janeiro 04, 2014

Condenados




Passados tantos anos, volvidos tantos instantes desprovidos de um significado que fizesse brotar em mim novos sentimentos, ainda sinto a tua ausência a remexer no meu coração. Quando volto a ouvir o som do teu nome ou revejo o teu rosto num retrato perdido nos recantos do destino, o meu ser estremece e percebo que ainda tens o mesmo efeito sobre mim. Os dias vão-se desenrolando, levando-me com eles; os meses passam e os meus sorrisos vão-se tornando mais frequentes, mas julgo que irá sempre faltar dentro de mim uma parte de alma que guardaste entrelaçada nos teus olhos para que eu estivesse sempre junto de ti. Cativaste fragmentos de mim que nunca me permitirão voltar a ser inteira ou encontrar felicidade ao lado de alguém que não sejas tu. No entanto, por mais que oiça esse teu nome ou veja a cor tão familiar do teu olhar em molduras que o destino me mostre ou quando o mesmo se dirija ao meu num desses encontros fortuitos que eu sempre quis evitar; a minha consciência continua a repetir incessantemente que não basta dois corações quererem pertencer um ao outro não apenas a nível sentimental, mas mais que tudo, a nível físico, é necessário que o destino assim o permita. O meu coração ainda não aprendeu a ouvir o que o universo tem para dizer-lhe, mas os sussurros constantes que atormentam o meu cérebro fazem com que o mesmo não se canse de tentar compreender e explicar vezes sem conta ao meu restante interior, uma realidade incontornável: Nunca seremos um único espírito lacrado em dois corpos pois estávamos condenados a  tornarmo-nos almas gémeas eternamente separadas.

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