terça-feira, junho 11, 2013

O teu perfume.





Senti, quase sem querer, o perfume enraizado na tua roupa. Apercebi-me das nossas histórias entranhadas no tecido, como se fizessem um pouco parte de ti e, espero eu, de nós. Sorri instantaneamente e, nesse sorriso, alberguei todos os momentos em que me demonstraste que a felicidade era atingivel e que era possível uma existência livre de lágrimas saudosas e de apertos estranguladores no peito. Era, afinal, exequível, empurrar para fora de mim uma saudade egoista que se alimentava de uma alma despedaçada, de um coração que desistia a cada desilusão que o abarcava e, sobretudo, de uma esperança que se esgotava gradualmente a cada segundo derramado no decorrer de um tempo contínuo e ingrato. Perdi-me um pouco mais nas memórias que o teu cheiro quase perfeito exalava: recordei o nosso primeiro beijo, o abraço á beira-mar, as palavras repletas de sentimento que foram como música para os meus ouvidos, o primeiro toque suave que encostaste á minha, até então, carente pele. São demasiados os devaneios por onde me deixo transportar sempre que o teu aroma é tudo o que me resta; em que a tua ausência impôe-se ao meu coração e o que permanece em meu redor são apenas as histórias que escrevi contigo entranhadas em tudo o que te pertence, reavivadas sempre e cada vez mais, pelo teu perfume.

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