segunda-feira, junho 24, 2013

Instantes de vida.




Queria mesmo dizer-te tudo o que sinto enquanto enxugo as lágrimas que impuseste ao meu coração. Desprender-me da maldade inerente aos teus dedos quando me sussurras que preferes a solidão ao aconchego dos meus abraços. Atirar-te palavras soltas mas repletas de sentido, embalsamadas com todas as mágoas que nelas se escondem. Explicar-te, sem necessitar de demasiados termos, o quanto doi a tua indiferença perante a minha dor enquanto a saudade se ausenta do teu cerne. Os segundos em que me esqueço das tuas feições, culpa de uma distância forçada a que me obrigas, desfazem-me a alma em pequenos pedaços, fazendo-me sentir assim, indesejada. Havia tanto para dizer que as palavras perderam-se pelo caminho... Havia tanto que eu queria que percebesses mas não sei como o fazer. Talvez, talvez se encostasses o teu ouvido ao meu peito e ouvisses o bater desacelerado do meu coração, conseguisses entender que aos poucos e poucos, estás a assassinar o pobre coitado. Pondero, muitas vezes em silêncio, a hipótese de estares, propositadamente a estilhaçar este sentimento por não o quereres guardar dentro de ti. Os vocábulos que fazem ricochete dentro de mim tantas e tantas vezes, nunca chegam até ti. Tu não lês os significados escondidos por detrás de um abraço frouxo, de um beijo contrariado ou de um toque reticente. Finges ou tentas não saber que me estás a perder em cada segundo desperdiçado, em cada minuto que me afastas e que a solidão toma o teu lugar. E eu vou fechando os olhos, revivendo dentro de mim os momentos em que as palavras chegam até ti e causam a mudança que tanto almejo... Os meus sonhos, no entanto, morrem nas minhas mãos e assim continuo, deixando que me esgotes os poucos instantes de vida que ainda me restam.

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