domingo, maio 19, 2013

Talvez não saibas.




Talvez não saibas, mas guardo no fundo dos bolsos um trago do meu coração. O desgraçado possui o odor almiscarado que emana da tua inebriante pele. Confundiu-se, sem que eu desse por isso, com a saudade que ludibria e engana corações ingénuos como o meu. As letras soltas e surdas que escondo por detrás dos meus olhos que contam histórias sem a minha permissão, calam-se na ausência de uma razão que permita a sua continuidade. A verdade, por mais que eu a negue, é que já não sei existir sem o nervoso miudinho que o teu sorriso me provoca, sem o arrepiar que me estremece sempre que oiço a tua voz, ou ainda sem o esvoaçar de emoções que irrompe do meu amâgo sempre que os teus olhos se demoram nos meus. Talvez não saibas o quanto magoa a tua ausência de devoção e escolhas que eu vejo como erradas porque nunca se dirigem a mim; e vejas nos sorrisos forçados uma felicidade verdadeira e sem esforço que repousa no meu corpo. Talvez os teus olhos vejam-me assim, mas se for sincera contigo, e sobretudo, comigo própria, dir-te-ei que nunca sentiste o sabor das minhas lágrimas salgadas em cada beijo que se perdeu em ti, enquanto as mesmas permaneceram aprisionadas na minha garganta.

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