Uma existência inteira de "és demasiado intensa". E sabem que mais? Sim, eu sou. Eu sinto muito. Todo o meu ser é composto por sentires e afectos. Sou sentimento. Entrego-me muito. Imenso mesmo. Amo incondicionalmente. Choro com a alma. E quando eu sou feliz e sorrio desmesuradamente, nota-se em cada centímetro da minha pele. Durante muito tempo, acreditei que intensidade era um defeito, uma falha minha. Cri por muitas luas que tinha que controlar-me, restringir-me, equilibrar-me. Suavizar-me. Até que, um dia, cansei-me de pedir perdão por sentir tanto. Por vibrar com cada olhar, cada música, cada história. A intensidade não é defeito nem drama. Não é caos. Não se trata de loucura nem de desequílibrio. Ser intensa é possuir dentro do peito um coração que não sabe ser morno. Não conseguir viver no meio termo. Ser intenso é compreender alguém e saber com todas as tuas vísceras que poderias escrever um livro inteiro apenas pela maneira como o seu olhar se ilumina. É viver com a alma á flor da pele. É amar sem cronómetro. Chorar sem vergonha. Sentir sem filtros. Inundar paixão em cada poro. A intensidade não assusta. Assusta ser tão cheio de sentires nesta amálgama de emoções e não ter com quem compartilhá-los. Aterroriza-me calar o que me queima. Reprimir tudo o que em mim vibra como as cordas de uma guitarra por afinar. Ser intensa é a minha forma mais crua de ser verdadeira. Quem quiser em mim permanecer, que seja porque sabe dançar ao ritmo do meu fogo sem tentar extingui-lo.
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