sábado, setembro 22, 2012

As primeiras chuvas de Outono.



Lembro-me perfeitamente das promessas que fizémos um ao outro. Jurámos assistir ás primeiras chuvas abraçados e, com os corações abertos, admirar a beleza inerente a um estado climático que ambos consideramos quase perfeito. Recordo, com alguma nostalgia, as palavras que cuidadosamente utilizaste ao me explicares o quão importante seria partilharmos, no Inverno e, com a chuva a servir de banda sonora aos nossos sentimentos, uma cama ansiosa por nos abrigar das intempéries que nos rodeariam. Os meus vocábulos, outrora dirigidos a ti, permanecem debruçados sobre a saudade enquanto as intenções e as promessas  pronunciadas por ti, desvanesceram-se muito antes do Outono chegar. Ainda durante o insipido Verão, calaste as palavras e escondeste-te em abrigos onde eu não te poderia alcançar por mais que te amasse. Usaste os teus medos e todas as formas de cobardia possíveis para destruir um cerne que respirava somente a tua essência. Revelaste toda uma ausência de personalidade que, afinal, te caracteriza e que disfarçavas tão bem. A chuva cai incessantemente nesta primeira noite de Outono e recrimino-me repetidamente por, em vez de admirar a sua beleza omnipotente e deixar-me embalar pelo seu tom melodioso, repetir na minha mente, sem cessar, as tuas palavras, as tuas promessas vazias e os momentos que tiveram significado apenas para o meu coração... Espero e desejo, com o coração mais apertado que nunca, que esta intensa precipitação seja capaz de lavar a minha alma e resgateá-la destes afectos que, para ti, não duraram até ás primeiras chuvas de Outono.

3 comentários:

Ferreirinha disse...

Gostei muito do que escreveu foi uma descrição muito bonita sobre o tema "As primeiras chuvas de Outono".
Continue.

Ferreirinha disse...

Gosto muito do seu texto bonitas palavras continue.

Catarina disse...

mas que belo texto! gostei realmente