instantes.

Somos feitos de instantes, de momentos recortados de paisagens circundantes que se reunem aqui e ali. Somos um universo num mundo que já não existe e uma unidade peculiar, rodeada por fragmentos e partes que raramente fazem sentido. Encontramo-nos mesmo quando não dirigimos a palavra um ao outro e mais ainda quando nem sequer partilhamos o mesmo espaço. Fazemo-nos gradualmente de gotas de imaginação e embrenhados nos pensamentos mútuos, os sorrisos parecem-me diferentes. São gargalhadas constantes, semelhantes a notas musicais a dançar no meu íntimo sombrio e descarnado. Construímo-nos de forma igual, absortos em amores loucos e impossíveis, sempre aconchegados num coração quente em forma de chávena. Não nos contentamos com meros vocábulos ou teorias soltas e preferimos sempre o abraço não dado mas sentido em detrimento de uma possível conspiração das nossas peles. Eu sinto-te com maior intensidade quando és apenas uma memória presente na minha alma. Pedaços de céu e de sentimentos que deixas quedar em mim para que estejas sempre presente, principalmente quando não podes estar. E mesmo que nos roubem tudo o que fomos, nunca poderão privar-nos dos olhares, dos sentires ou dos instantes... porque o que somos, fica connosco mesmo quando nos arrancam o coração.