terça-feira, janeiro 17, 2012

o primeiro grande amor.



Há dias em que, com a saudade enterrada nas costelas, a ponto de causar ferida, pergunto-me de que modo o tempo continuou a passar por mim. Se proclamei infinitas vezes que sem ti morreria e nunca te conseguiria esquecer, agora que me desprendo finalmente da dor que me causaste e do sofrimento que depositaste no meu ser, porque razão o mundo continua a girar? Em quase todas as vezes que senti o peito vazio e dilacerado pela tua ausência, jurei que nunca deixaria as memórias partirem. Abraçei-as com a força de mil amores e bradei que sem ti, nada fazia sentido. Desejei ardentemente ser a alma em que te enredaste e entranhei a inveja desmedida nas paredes de um outro coração. Sem a tua respiração a latejar no meu pescoço, senti-me inútil e oca e julguei que a minha sanidade estivesse, realmente, a abandonar este corpo que, quando partiste, recusava-se a continuar a realizar o seu ciclo habitual.
No entanto, o tempo agarrou-me nas mãos calejadas pelo inóspito suplicio em que me afundava e cuidou de mim. Remendou o meu interior e cultivou-me sorrisos pequeninos que foram crescendo aos poucos e poucos. Com o passar dos dias, o tique-taque incessante do relógio cessou o seu tormento no meu peito e o olhar renasceu gradualmente, á medida que a dor, a tortura, a aflição, a angústia e todos os nefastos sentimentos que em mim deixaste decidiram finalmente abandonar-me. Por vezes ainda receio sorrir sem ti ou permitir que o olhar ouse brilhar sem estar a vislumbrar o teu rosto, mas nessas alturas em que a fragilidade chama pela saudade para que a mesma me derrube, o tempo ampara-me e impede-me de recair nos tormentos que causaste no meu coração e nesses momentos sinto que, realmente, é possível não esquecer o primeiro grande amor, mas aprender a viver sem ele.

2 comentários:

n. disse...

tudo o que escreveste faz sentido e é verdade. e mais, no final dizes que aprendemos a viver sem o nosso primeiro grande amor, e oh, tens mesmo razão! e a prova de ainda hoje estares cá e não teres "morrido" por não conseguires esquecer essa pessoa, significa que tu tiveste força para lutar contra toda a dor que esse amor te poderia trazer. gostei muito, como sempre*

Patrícia Lobo disse...

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