Deslizei pelas pedras da calçada ainda ensanguentada. As escada íngremes lutavam contra mim, numa tentativa de roubar-me os últimos suspiros que continha no meu peito. Ignorando,arduamente, a dor de dois ou três ossos partidos, arrasto o suor e as lágrimas á medida que o ponteiro no relógio da igreja ressoa nos meus calejados ouvidos. É o primeiro som estridente que consigo absorver desde aquele momento. Ainda estou embrulhada nas roupas rasgadas e sujas. O que resta delas deixa antever a pele dolorida e esbatida pelas repetidas investidas contra a parede. Continuo, quase sem forças, a deambular, a um ritmo demasiado lento que enerva todo o meu amâgo.
Não consigo precisar o que sucedeu e o pouco que recordo, leva a que as lágrimas me queimem o rosto. Estavas ali, a enredar-me no teu olhar, a sussurrar-me palavras de amor. De repente, acordei esmagada pela desilusão e desmemoriada no chão frio e nu. O relógio volta a ressoar, com batidas secas e surdas, tal como as pancadas no meu coração. Relembro então a razão da minha violentação. Forço a memória a recolher as imagens que me destruíram, num processo de catarse que me corrói enquanto simultaneamente reconstroi-me o desmanchado cerne. Nesta forçada história em que já não me enquadro, por entre promessas e juras, desejo e paixão, escolheste a sofrida protagonista para contracenar no distorcido palco da (tua) vida. E não sou eu.
7 comentários:
obrigada, também sigo*
obrigado querida*
tb gostei muito das tuas **
sigo!
ahh desilusões embrulhadas para nós.
Lindo texto!
Juliana
obrigada, tbm sigo *
obrigada mesmo!
sigo *
obrigada!
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