quarta-feira, novembro 30, 2011

Mudaste as palavras.


Mudaste as palavras. Envolveste os teus longos dedos na escaldada chávena de chá e afundaste o olhar para fugir do meu. Já não são as junções de sílabas acutilantes que me magoam o ser, mas a ausência de quaisquer vocábulos. Mudaste a vontade de ser meu nas letras e tons que me dedicavas. Os segundos em que me escreves as escassas lascas de sentimentos sabem-me cada vez a menos. Sinto-te a escorrer por entre os dedos a um ritmo vertiginoso e não posso gritar que te estou a perder, facto que retalha a intenção de continuar neste amor que me mata aos milimetros. Todo o teu ser foge de mim pouco a pouco. Refugio-me nesta impressão de sentires descabidos e recolho-me para dentro de mim própria. O amor que nunca disseste sentir nesse teu coração gigante pelo meu pequenino, esvai-se agora para outro rumo, sem antes ter chegado a este porto que tanto sonhou acolhê-lo. A troca de palavras sobre esta nova realidade seria absurda e sei também, infrutifera. Nasceria então nos teus dedos escaldados pelo chá derramado um ódio do tamanho do teu coração, que se infiltraria na tua vasta imaginação e criaria assim mil exasperadas maneiras de torturar-me este sentimento que teima em não abandonar o meu fatigado tronco. Sou do tamanho da minha saudade e do desespero que me devoram a alma e os poucos centimetros que restam têm medo do que está por vir...

2 comentários:

TDelMona disse...

tão lindo :o
Gostei e sigo *-*

Saraaaa * disse...

gostei muito :)