domingo, abril 17, 2011

Granizo em forma de recordações


Hoje ganhei coragem e sentei-me num banco molhado em frente a ti. Estavas fabuloso como sempre, impenetrável como tantas outras vezes. Eu olhava avidamente a montra, pois sabia que desta vez, por mais que tentasses, não me conseguias ver, nem tão pouco alcançar-me.Remexias em tudo com as tuas mãos calejadas de mentiras e de insensibilidade, as mesmas que utilizavas para me magoar assim que sentias que a tua resistência ao meu existir fraquejava.Olhava-te, impotente, sem te poder dizer que te conseguia ver, que te conseguia sentir. Era melhor que não soubesses que eu estava ali a olhar para ti. Prometo-te que não sei o que me puxava para ti, se seria a montra ou o fascínio que exerces sobre mim e do qual tento constantemente fugir. Resisti.Julgo ter visitado cada irresistivel lugar onde me encontrava, menos o canto em que te escondias. Sou fraca, eu sei, mas agora que sei onde te encontrar novamente, prefiro observar-te de longe, sentada num banco molhado do jardim enquanto arrumas cuidadosamente a memória de todos os estilhaçados fragmentos da nossa história.

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