domingo, março 27, 2011

Red bloody love.


Neste constante vaivem de emoções, perdi o rumo ao meu pensamento. Morreu nas minhas mãos em forma de concha quando as mergulhei na serenidade do teu ser.
Foi na mesma rua em que gritaste ao meu ouvido, lembras-te? O teu sussurro ficou aprisionado nas páginas de um livro qualquer que não consegui ler. Enroscou-se profundamente na tua cobardia e deixou-se adormecer...
Os meus sentimentos, assustados com tamanha façanha, esconderam-se na rua mais escura que conseguiram encontrar. Choraram de impotência e cansaço pelo vaivém a que os sujeitas.
Nunca te sentes culpado de seres assim? Porque não fazem ricochete as pedras que atiras ao meu coração?
As tuas palavras nunca terão o mesmo ritmo que as minhas, nem serão jamais dignas de serem tocadas na rádio das nove. São demasiado frágeis e quase sempre mergulhadas em iogurte de frambroesas, tanto que consigo sentir-lhes o cheiro a maresia intemporal.
É extremamente imbecil da minha parte, mas matei tantas vezes os sentimentos que se esconderam. Desobedientes e irracionais como o invólucro que ocupam; teimam em renascer ao ouvir as tuas palavras.
Nestes dolorosos momentos que só compreende quem nunca te teve, sinto o coração a fugir-me por todos os poros da pele. E vou coleccionando memórias, balançando-me arritmadamente nas nuvens do meu [teu?] coração. Mergulho os dedos ensaguentados nas memórias apedrejadas pelas tuas incertezas descomunais.
Olho, atónita, todos os balões cor-de-rosa que não couberam nas minhas mãos. Queria poder guardá-los nas chávenas decoradas que arrumei no sotão... Fugiram-me pela porta dos fundos enquanto me virei para olhar para ti.
Não achas que já mataste demasiadas circunstâncias? Abre a gaveta do armário e conta as estrelas caidas. São quase tantas como as lágrimas que trago nos meus beijos sabor a sal.
Arrastei todos os medos para fora do meu quarto, não os queria comigo. A noite era fria e atormentavam-me demónios suficientes.
Comecou a Primavera mas aindo sinto no meu coração o Inverno. O eterno Inverno. Chegou a primavera sem que se escrevessem cartas de amor nas minhas árvores. Não faz mal, as lágrimas secaram e as palavras que não escrevi fazem a mesma vez.
Os meus dedos escrevem baixinho [baixinho para os ouvidos não estremecerem [os meus ou os teus??] e eu não descobrir]... gosto um pouquinho de ti.
Aguardo com impaciência que voltes a arremessar pedras contra as minhas palavras. Porque sei que não são o que queres ouvir e sei que partirás novamente em busca de uma rua escura em que possas morrer para mim.
Outra vez.

" E a culpa é do tempo, que se deixou perder de mim. "

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