domingo, outubro 31, 2010

Mágoa assustada de amor


Hoje acordei e apercebi-me o quanto preciso de ti.
Os lençois tinham o mesmo cheiro impregnado que tem a tua pele quando grita para me chamar á atenção.
Sinto-me impotente...Gostava de abrir os braços para te envolver neles mas sei que te assustaria. Prefiro calar-me no silêncio que usaste para me conquistar o coração ferido.
Eu própria sinto-me assustada, sabes? Não consigo perceber, por mais que tente, porque me sinto tão embrenhada nas tuas palavras, nos teus gestos, no teu olhar de menino perdido... É uma miscigenação quase mitológica de sons e sentidos que me agarra o coração e me faz sentir tão pequena ao teu lado.
Medo. É tudo medo o que sinto ultimamente. Medo que me fujas. Medo que me percebas. Medo que me sintas. Medo de estar iludida. Medo do que sinto por ser errado.
Não quero ter que seguir outro caminho. O tempo corre contra mim e uma agonia acutilante apodera-se do meu pobre e dilacerado coração. Não quero ter que deixar de te ver. Não quero sentir a tua falta mais do que sinto neste momento.
Quero deixar de sentir. Quero não perceber estes sentimentos venenosos que me invadem sempre que não estou a teu lado ou não tenho a tua total atenção.
Nunca, nunca posso permitir que me encubras. Não me posso voltar a magoar. Hoje foi a primeira vez que chorei por ti... magoaste-me. As tuas palavras conseguem ser tão vis. Tens nas palavras mais força do que a imensa que possuis no teu corpo viril.
E magoas-me. Não te consigo perceber. Não te consigo conhecer.
Diz-me apenas que a conecção que sinto, as nossas almas entrelaçadas numa só enquanto dormimos, sintonizadas uma na outra são apenas um vil delirio de um coração carente e farto de ser ignorado e abusado. Diz-me, por favor, que não sentes o mesmo que eu. Sussurra-me [e tenta ser convincente]em palavras bem pronunciadas que não sou o que procuras, que não sou eu a pessoa certa para te acolher no meu leito, que não mereco conhecer melhor a pessoa fascinante que és e mais ninguem consegue percepcionar...
Disse a quem me conhece que não choro. Fizeste-me mentir... as lágrimas que cairam enquanto escrevi esta pseudo-declaração contrastada com auto-negação de um coração temeroso, foram mais que muitas. Perdi-lhes a conta. Sinto raiva de mim própria ao chorar por alguém que mal conheco [e que não se deixa conhecer]. Nunca me senti tão pequena e tão assustada...
Só queria ser feliz e fazer-te feliz, sabes? Prometo que não te magoava...
Sofrer em silêncio será sempre a minha melhor opção.

1 comentário:

Vanessa Kiekeben disse...

provavelmente o meu mais sincero e sentido desabafo até hoje...