Se me contares essa história. Como sempre. Se isto e aquilo. Só assim. Fosse sempre um balão bonito cheio de ti. E de tudo o que permanece depois de ti. Essa tinta. Esse carvão de mel e pedra sobre nós. Esse olho mais aberto de manhã. Um papel mais desmaiado sobre cera. Esquecido. A música queimada de restolhar. Sobre o chão. De doce frio e imaginado. De soldados de mãos dadas em nós de saudade. Um calafrio animado de comichão ao amor. Um sopro mais quente e vazio. De tudo. Uma frase desengoçada numa janela. Uma viagem no peito. E uma memória tão doce como pele de todos. Os outros. Todos os outros.
Gargalhadas, sinceras e vesgas de coragem por um e quatro portos de horizonte. Aquele sol, mais demorado num azul violeta. Que mais violeta conheço por me chamar. Depois desse, num preto que olhares sonhadores fumam de golada. Suspiros. Leves tormentos e cumplicidades em pés de areia. E castelos de palavras coladas à barriga. Cabelos pingados de sal e passos de calçada numa lufada de verão e meiguice. Uma, que mais parece o muro de constelações. Que a mochila perfuma. Portas entreabertas de brindes. Olhares poupados. Toques fugidios. Daqueles, que matam a sede. Do querer e do que bem se quer. O dormir em lençóis, desses. Murmúrios e segredos...A magia do falar em dedos. Numa nostalgia nocturna. De vozes e serões em esferográficas suadas. A tua voz...Cortinas floridas dos vultos. Receitados num cigarro pela maresia. Transparente. E de descalços, perdidos e felizes. Todos. Nós. Os outros. Fosse um balão bonito cheio de ti. De adjectivos comprados, como tantos. Fosse um balão bonito, de todas as vezes.
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