segunda-feira, julho 24, 2006
Calendário
Risco os dias do meu calendário um a um, devagarinho. Rio de mim mesma ao fazê-lo. No meu calendário todos os dias são iguais. Todos os dias são de Inverno. São vazios, e chovem, e choram baixinho.
Todos os dias mato-me sem ninguém perceber. Sento-me na minha janela e preparo-me para saltar. E se eu não cair? E se eu simplesmente voar? Não me sinto preparada para a liberdade. Vivo presa ao meu calendário de dias que se repetem. Então fecho a janela e morro interiormente, por mais um dia. Sei que não pertenço aqui. Preferia não saber. Prefiro nem pensar nisso. Prefiro parar de pensar. Sinto-me melhor quando tenho movimentos automáticos.
Agora ando de um lado para o outro do quarto, bato contra as paredes, queixo-me, choro. Conformo-me e deito no chão do meu quarto. Adormeço na esperança de acordar num dia diferente. Abro os olhos pela manhã e encontro a chuva, a dor, os suspiros e a solidão de sempre. Vou até ao meu calendário e risco mais um dia. Falta-me menos um dia para morrer.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário