terça-feira, novembro 27, 2012

Um coração sedento de amor.



Cedi, finalmente, aos caprichos de um coração sedento de amor. Explodi, de forma subtil, as geladas muralhas que guardavam este orgão que ainda bate neste peito desconfiado, contrariando todas as expectativas. Permiti-me sentir estes afectos e que os mesmos me inundassem o corpo, percorrendo-me avidamente todos os poros e contagiando-me com a tua frágil porém inebriante essência. Deixei que as horas deslizassem por entre nós e acolhi no meu regaço frio, no entanto, ansioso pelo teu toque, o teu aroma, o teu inquietante cerne e a tua ingénua e cativante personalidade. Sensoriei o amor em tudo o que me define e apercebi-me, lentamente, que possuia fragmentos de ti dentro de mim. No meu interior, existem pedaços de felicidade que gritam o teu nome e que são substituidos pela injusta e fria saudade quando os nossos corpos não se encontram. Permiti-me sentir paixão e luxúria nesta mistura de sentimentos que me povoa e decidi, ainda que hesitante, expulsar a barreira que me impedia de envolver-me nesta relação que construimos recentemente. Assenti que penetrasses os meus sentidos e que te tornasses parte imprescendível do meu presente, fazendo-me crer que um futuro sem ti é demasiado doloroso. Receio agora, mais que nunca, que a tua ausência seja uma vontade tua e que me deixes cair num abismo sem retorno; abomino, com todas as minhas forças, a ideia de perder-te e perdurar no tempo sem a tua alma entrelaçada na minha. E, sobretudo, odeio pensar que um dia possas querer perder-me e encontrar um outro espírito que se encaixe no teu, olvidando tudo o que vivemos e as memórias perfeitas que criámos. Sou composta por medos, pânicos pavorosos e receios que me consomem sempre que não estou nos teus braços e que me encontro impossibilitada de alcançar-te e enredar-te com os meus sequiosos beijos. O desejo de abraçar-te e provar os teus lábios é agora quase incontrolável quando estou contigo e ficar longe de ti é quase um tormento que nunca pensei sentir. Eu, que nunca julguei ser possível encontrar numa só pessoa, felicidade plena e uma angústia terrível, encontro-me agora desorientada neste labirinto de dualidades e de paranoias que lentamente me alimentam e carcomem o interior, nesta rede recém-construída por diversas hipóteses...

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