Cedi, finalmente, aos caprichos de um coração sedento de amor. Explodi, de forma subtil, as geladas muralhas que guardavam este orgão que ainda bate neste peito desconfiado, contrariando todas as expectativas. Permiti-me sentir estes afectos e que os mesmos me inundassem o corpo, percorrendo-me avidamente todos os poros e contagiando-me com a tua frágil porém inebriante essência. Deixei que as horas deslizassem por entre nós e acolhi no meu regaço frio, no entanto, ansioso pelo teu toque, o teu aroma, o teu inquietante cerne e a tua ingénua e cativante personalidade. Sensoriei o amor em tudo o que me define e apercebi-me, lentamente, que possuia fragmentos de ti dentro de mim. No meu interior, existem pedaços de felicidade que gritam o teu nome e que são substituidos pela injusta e fria saudade quando os nossos corpos não se encontram. Permiti-me sentir paixão e luxúria nesta mistura de sentimentos que me povoa e decidi, ainda que hesitante, expulsar a barreira que me impedia de envolver-me nesta relação que construimos recentemente. Assenti que penetrasses os meus sentidos e que te tornasses parte imprescendível do meu presente, fazendo-me crer que um futuro sem ti é demasiado doloroso. Receio agora, mais que nunca, que a tua ausência seja uma vontade tua e que me deixes cair num abismo sem retorno; abomino, com todas as minhas forças, a ideia de perder-te e perdurar no tempo sem a tua alma entrelaçada na minha. E, sobretudo, odeio pensar que um dia possas querer perder-me e encontrar um outro espírito que se encaixe no teu, olvidando tudo o que vivemos e as memórias perfeitas que criámos. Sou composta por medos, pânicos pavorosos e receios que me consomem sempre que não estou nos teus braços e que me encontro impossibilitada de alcançar-te e enredar-te com os meus sequiosos beijos. O desejo de abraçar-te e provar os teus lábios é agora quase incontrolável quando estou contigo e ficar longe de ti é quase um tormento que nunca pensei sentir. Eu, que nunca julguei ser possível encontrar numa só pessoa, felicidade plena e uma angústia terrível, encontro-me agora desorientada neste labirinto de dualidades e de paranoias que lentamente me alimentam e carcomem o interior, nesta rede recém-construída por diversas hipóteses...
Sem comentários:
Enviar um comentário