sábado, janeiro 30, 2021

A armadura que se rompe ao acariciar a alma.

 

 

Essas armaduras que trazes ao peito são o símbolo de uma pessoa que sofreu muito. A protecção que escolheste para evitar magoares-te de novo e terminar despedaçado. São o teu mecanismo de segurança, a tua salvação momentânea. Como posso acariciar uma alma como a tua? Viver com uma armadura como a tua simplesmente porque, por trás dela, se esconde o medo de ser ferido. Este é um dos medos mais paralisantes que uma pessoa pode ter e que a impulsiona a criar muros, deter o seu coração e viver anestesiada. A vida cansa e esgota até chegar ao ponto em que preferem proteger-se e deixar de sentir o máximo possível ao invés de se arriscarem a reviver o ardor de suas feridas. Sem dúvida a tua armadura protege-te das pessoas que te querem destruir, no entanto se não a deixares cair, ela vai isolar-te de pessoas como eu que te querem amar.  Ninguém é imune ao sofrimento, por isso é essencial aprender a geri-lo. Se te esconderes por detrás de uma fachada, a escuridão pode devorar-te. Sentir-se vivo é enfrentar riscos, aceitar que nem tudo irá acontecer da forma que desejas, abraçar os momentos de felicidade mas também aceitar que o sofrimento irá encontrar-te de vez em quando e colocar-te á prova.  As armaduras são uma forma de protecção. Cada um de nós tem uma, o seu mecanismo de defesa personalizado, o seu escudo pessoal para blindar-se contra a dor. De algum modo, é a maneira mais fácil para manter a nossa parte mais delicada a salvo e tornar-nos fortes frente ás ameaças e á crueldade de corações que não sentem como o nosso. O problema surge quando estas armaduras não podem ser destruídas, ou seja, elas impedem o teu coração de sentir seja o que for e impedem outras almas de tocar na tua. Acabas por ver o mundo através de um filtro a preto e branco, completamente desprovido de emoções. São muros que se erguem e te isolam, não só do sofrimento e da incerteza, mas também do afecto e da segurança emocional em forma de amor puro e leve. Nessa tentativa de protegeres-te, acabas boicotando todas as tuas hipóteses de felicidade e bloqueias-te a nível emocional. Esse não sentir para não sofrer é uma estratégia que te salva e que repetes porque em algum momento da tua vida, assegurou a tua sanidade. E terminas os dias vazio por dentro. São as letras pequenas do contrato que tu não leste. Por isso usas e abusas de uma atitude defensiva com o intuito de afastar tudo e todos de ti. O teu medo de ferires-te é tão grande que, ainda que não desejes de forma consciente, afastas todos aqueles que se aproximam de ti sem nenhuma intenção além de conhecer-te, e possivelmente, amar-te. Isso acontece porque ao protegeres-te tão duramente tornas-te vítima de uma fissura no amor, gerada por uma experiência traumática passada. E eu quero desesperadamente o antídoto para reverter esse dano. Que remédio existe para quebrar as armaduras de quem suportou tanto sofrimento? Como posso ajudar-te a desfazer tal maldição? Essa armadura será derrubada pouco a pouco, garanto-te. É um processo moroso que precisa de uma dose de amor, compreensão, paciência, perseverança, aceitação e muito esforço. Criar contigo uma profundidade de conexão e permitir que cries essa mesma conexão contigo mesmo. Compreender que na maioria das vezes não és tu quem fala mas o monstro silencioso que em ti habita e que te faz acreditar que viver anestesiado é a melhor forma de desviar-se do amor e consequentemente, do sofrimento. Aprender a acariciar a tua alma antes do corpo, tocar a tua sensibilidade e fazer-te sentir acolhido em mim.





Sem comentários: