segunda-feira, janeiro 07, 2013

Juras de amor.


Escapuliram-se. Deslizaram agilmente por entre os dedos de uma mão que não soube se agarrar firmemente á tua. Os momentos que faziam o meu coração estremecer e vibrar, chegaram a um indesejado término. Sinto, sem dúvida alguma, enquanto escrevo esta amarga despedida com as mãos trémulas por deixarem escapar palavras que nunca quiseram testemunhar, a nossa história quedar-se apenas nas recordações do que fomos e recuperarmos a nossa acabrunhada individualidade. Aliás, sei que tu retornarás a ser como eras - extremamente apegado a uma liberdade exposta, uma ausência de rédeas que sempre te caracterizou tão bem - e eu... eu deixar-me-ei ficar numa estrada deserta qualquer, repleta de inúmeras almas que não compreendem o meu sofrimento. Abandonaste-me sem uma razão e deixaste-me a vaguear sem destino. Guardaste em ti uma parte de mim e esqueceste-te de a devolver quando cessaste a saudade em que dizias envolver o teu tronco sempre que estávamos longe um do outro. Levaste comigo fragmentos intermináveis de mim e sobretudo, do meu coração, sabendo que, assim, eu ficaria inacabada, frágil e inócua. Jamais se repetirão os abraços apertados, os beijos em que me mordias ariscamente a língua mesmo quando eu te pedia delicadamente para não o fazeres; as noites em que dormi com a cabeça a repousar no teu peito enquanto intercalava o meu descansar com suaves beijos no teu pescoço... ah e as pernas entrelaçadas em simultâneo com o roçar de pés que me fazia arrepiar de prazer; as noites ociosas passadas na tua cama a ouvir música ou outra coisa qualquer; as mãos dadas pela baixa da cidade; os almoços e jantares na minha e na tua casa; oh e as vezes em que eu odiava que me chamasses professora e tu rias desalmadamente e bradavas com um sorriso que eu acreditei ser eternamente meu, que adoravas ver-me irritada. São apenas memórias esquecidas num passado que eu recuso-me a olvidar e que julguei nunca acabar... A vontade de estar comigo cessou e as juras de amor perderam a validade. Fui esquecida, abandonada qual brinquedo que deixou de ser útil a um menino que se esqueceu de crescer...

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