quarta-feira, novembro 14, 2012

Trezentos anos.


São lágrimas que me descrevem, neste momento, o rosto cansado. A ingenuidade voltou a alojar-se em mim e fez dos meus medos e receios um porto seguro, embalada por um coração carente e febril. Estou frágil e os meus pensamentos são uma confusão criada pela tua traição consciente. Derramo mágoa a cada lágrima e a resignação apodera-se de mim, sussurando o que eu sempre soube - não me é permitido saborear felicidade. Não tenho direito a rasgos de amor ou sorrisos puros a toldar-me a face. A saudade entra pela janela do quarto, anunciando que regressou ao meu mundo, qual premonição da tua partida prematura. As lágrimas voltam a correr velozmente, gritando-me que sofro por opção própria, cri novamente numa alma mentirosa apenas porque utilizava uma máscara diferente das habituais. O vazio no peito aumenta a cada gota de orvalho que me percorre desenfreadamente as feições. Estou esgotada fisica e emocionalmente, o coração partido repousa-me nas mãos, miscigenado com as inúmeras lágrimas que fizeste derramar com as tuas palavras e tresloucadas acções. Mergulho nos momentos que vivemos intensamente, recordo avidamente cada vocábulo pronunciado, as vezes que juntaste os lábios em forma de sentimento e disseste " amo-te", as noites que dormimos abraçados e enredados nos afectos que prometias guardar para sempre. Restam-me as memórias de um amor que eu julguei eterno e as tuas juras de nunca me abandonares - " Nunca me vais perder" - bradavas tu. No silêncio e solidão interminável do meu quarto, questiono-me agora se a eternidade se esfumou ou se os afectos não eram os sentimentos que prometias sentir durante trezentos anos...

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