quinta-feira, julho 26, 2012

Suja traição.



Gostava mesmo de esquecer este amor imenso. Sentir-me a transbordar até todos os afectos e formas de amor que nutro serem apenas uma ténue lembrança a esfumar-se como uma névoa qualquer,sem significado. Queria tanto que as memórias do teu rosto, da tua voz e de basicamente tudo o que o teu nome desperta na minha mente, cessassem de ser recordadas e não fosses mais que uma parte do passado que após intermináveis momentos de dor e angústia, abandonei. Naquele dia, no entanto, senti o gosto amargo da traição. Senti a tua presença em cada poro da minha pele e o tom da tua voz a segredar-me que estava a cometer um erro crasso e imperdoável. Contraí-me, motivada pelo desespero de sentir-te novamente, certa que havia obrigado o coração a expulsar-te do seu interior. Tentei perceber por que te manifestavas desta forma tão cruel e, mais precisamente, naquele momento. Á medida que duas formas movimentavam-se ardentemente nas sombras carregadas de suor e desejo, o teu nome queimava-me a língua que, ironicamente, perdia-se em um outro paladar. Tentei apurar os sentidos e exigi que o meu corpo seguisse o ritmo que o calor sedutor indicava, mas continuavas a murmurar palavras obscenas que se sobrepunham a todas as investidas desta alma e deste corpo divergentes que em mim se esculpiam .O toque das suas mãos no tronco contrariado e sedento de ti, mesmo tendo sido constantemente e sucessivamente apunhalado pelos tuas ignóbeis promessas verbais no passado, priva-se de sentido e de cores quando os meus lábios quase pronunciam o teu nome em vez do dele. Vejo, no meu ofegante subconsciente, o teu rosto ensanguentado pela minha traição sentimental, por sempre teres julgado que seria incapaz de render sentires que jurei serem eternamente teus. O cinismo reside, basicamente, no facto de esta entrega ser meramente simbólica... Continuo com o coração sujo, enterrado nas tuas promessas quebradas e infinitamente a pensar em ti ainda que quase mate a capacidade de amar tentando olvidar-te...

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