domingo, julho 29, 2012

baú de recordações.



No silêncio de alguns momentos em que me encontro, forçosamente, de mão dada com a solidão, eu quase alcanço a saudade. Relembro avidamente os dias em que deixavas segredos nos meus cabelos e um sorriso teu escondia mil possíveis expressões. A nossa cumplicidade alimentava-me o olhar e podia jurar que sabia de cor os batimentos do teu coração. Hoje, agora... com os olhos rasos de lágrimas, as mesmas que eu recusava-me a chorar na tua presença, afirmo julgar não saber quem és. É quase uma certeza que se encosta a mim quando recordo aqueles dias... as sensações que afloraram a minha pele e os vocábulos que foram cuidadosamente ouvidos e guardados no baú de recordações que abrigo carinhosamente no peito desfeito e refeito tantas vezes.  Somos quase dois estranhos que evitam cruzar-se num caminho comum com receio de se sentirem aprisionados nas memórias de um passado que já não quer regressar. Fingimos nunca nos termos perdido em abraços sentidos ou em beijos deslocados no tempo. Ocultamos dentro de nós, nesse interior agora frio e calejado,  as histórias que vivemos alternadamente, envoltas em tristeza e felicidade. Somos duas almas distintas que um dia se completaram e entenderam num universo louco e desprendido de sentido. E, neste instante, recordando a tua imagem na minha mente, admito a mim própria que não fazes mais parte do meu mundo e pergunto-me, sem conseguir evitar uma nostalgia latente,  se também não me perdi um pouco quando me abandonaste...

1 comentário:

db disse...

post maravilhoso!