domingo, janeiro 29, 2012

distante.


Estou novamente a lembrar-me de nós. Não percebo porque motivo as recordações invadem novamente o meu coração... Tive que lidar com esta mágoa em quase todos os aspectos da minha vida, porque as semelhanças continuam a aparecer aqui e ali, e sabes que mais? Por mais que o meu coração o tenha desejado e eu o tenha tentado com todas as forças que ainda possuo, não me permiti amar outra pessoa. Ninguém conseguiu que eu sentisse o que senti contigo, e pergunto-me se alguém será capaz de o fazer.
Sei que amadureci com os golpes que tu, e a vida, me ensinaram rudemente. Mesmo que sinta o pesar a trucidar o peito cansado, eu sorrio sempre que penso nisso. Julgo que por não ter coragem para admitir a mim própria que, naquela altura, adorava toda a atenção e o drama que eram depositados no meu ser. Adorava porque não sabia ainda as consequências que iriam advir. Adorava a maneira como me fazias sentir. Sorria interiormente sempre que me fazias feliz e quantas vezes tu conseguias ler esse sorriso disfarçado, contrariando todas as possibilidades... Nesses momentos, eu [quase] acreditava que tudo poderia ser diferente. Nunca foi...
Esse foi sempre o problema. Sempre foste inalcançável e eu sabia-o. Este consentimento tornou a nossa história tão frustrante, tão ironica, que, por mais que eu tentasse escapar, não pude evitar ser invadida por essa paixão devastadora. Foi, sobretudo, porque tu eras peculiar. Eras um dos poucos rapazes por quem sempre senti respeito, eras o rapaz, o amigo com quem eu sorria diariamente e o único que eu ansiava ver a cada segundo que se desviava de nós. Não sei ao certo se soubeste como me sentia. Todos os outros sabiam. Era perfeitamente perceptível a qualquer ser que prestasse alguma atenção. 
Um dia, sem eu perceber como, tu deste-me uma hipótese e eu, ingénua, baixei todas as minhas defesas. Enganei o meu cerne a modo de ter esperança, quando claramente, eu não deveria ter nenhuma. A partir desse momento, entrei em pânico. Apercebi-me que esta nossa ligação estava a danificar todos os meus pensamentos e acções e eu já não podia fazer  nada acerca disso.
Há quatro anos que tento desprender-me deste amor consumista. Tento seguir em frente com o que resta da minha vida, evitando a todo o custo, qualquer contacto com o passado; evitando qualquer encontro ou aparição que possa mudar o rumo actual  das coisas.  Acabou. E eu preciso começar a acreditar nisso.
A questão que me atormenta é saber que não acabou realmente, por mais que eu o diga e sussurre ao meu coração. Apercebo-me, a cada dia que passa,que nunca haverá um término. Talvez eu devesse ter lidado com a nossa situação de outra maneira. Não consegui e, quando me abandonei em ti, as coisas tornaram-se demasiado confusas. Pensei, verdadeiramente,que eu seria capaz de te esquecer e afastar do meu espírito e mente tudo o que um dia fomos.
Sou fraca e a saudade sabe disso. Desejei tantas vezes esquecer-te, prender-te num passado longínquo, mas aí estás tu novamente. Constantemente a brincar com as minhas recordações, espicaçando repetidamente o meu dolorido coração, enredado nas pequenas coisas que despoletam memórias repletas de mágoa e incompreensão. Tento afastar-te de tudo o que sou em vez de lidar com esta dor que me carcome o amâgo. Faço-o sempre que algo me atormenta e deixa-me desconfortável. Suponho que deveria tentar compreender como funcionam as minhas próprias emoções. Sou de sentimentos intensos e devastadores e, este fragmento da nossa história, não é culpa tua. Bolas, nem sei porque estou a escrever estes sentires! Nunca saberás como me sinto. Sou apenas uma memória distante, se tanto,  que não interfere com o teu presente. Vejo-te e consigo percepcionar o que sentes. Sei que as coisas nunca voltarão a ser como eram entre nós.  Ama-la e ela é tudo o que importa na tua existência. Ela é a única alma digna das tuas preocupações e, independentemente do que eu faça ou diga, isso não vai mudar. E, apesar de cada vez que eu te vejo, consistir um ponto de viragem na minha vida, pouco importância terá na tua.

[ Deveria habituar-me a sentir-te assim... e deixar-te partir.]

7 comentários:

andrii disse...

Muito obrigada, querida.
Identifico-me imensamente com este teu texto... Está lindo, sentido, emocional... Adorei, a sério. Conseguiste arrancar-me umas quantas lágrimas.
Força, acredito que vais conseguir deixar esse amor, que tão mal te faz, partir.

Catarina Luna disse...

tanto sentimento, tanta lágrima derramada em silêncio.

C disse...

adorei docinho.
vou seguir com muito gosto/ espero que o sigas também :b

P. disse...

Pois, é dificil.
Forçaaaa

C disse...

obrigada eu docinho *w*
tão fofa <3

MARIANA disse...

não gosto disso querida!

Rita Castro disse...

olá vanessa! adorei o teu cantinho e digo-te já que escreves muito bem também. obrigada, volta sempre *