domingo, janeiro 01, 2012

bastava uma desculpa tua.



Eu sei que tentei. Tentei em cada segundo que se arrasta no meu ventre salpicar o teu nome com a raiva que me dilacera o animo. Forçei o coração a apagar o teu rosto e o sorriso a esconder-se quando te visse chegar. Expulsei da alma tudo o que me faz lembrar essa lânguida maneira de ser que se entranhou na minha pele e que, em tantos momentos, faz pulsar o sangue de forma violenta e estremecente. Esta inquietude que me turva os sentimentos e entristece o rosto é o que julgo, no entanto, ser o melhor para os afectos que se encontram feridos pelas tuas desmedidas e insensatas palavras. Ainda que eu veja a tristeza espelhada no teu olhar, simulo não me aperceber. Ainda que reconheca em ti a vontade de questionar que feito desacertado executaste para que em vez de te entregar mistérios quentes, te deixe cair no desprezo e no ressentimento que neste momento me possuem; busco forças quase inexistentes no meu espírito para continuar a desviar o olhar do teu e fingir que esta preponderância que reverbera no meu peito não me dilacera a cada minuto. No entanto, sei que bastava uma desculpa tua, um assumir de irresponsabilidade para com este coração que seguras nas mãos, para que eu esquecesse o que tanto me magoou e voltasse a ser tua, mesmo sem o saberes.

2 comentários:

Gonçalo S. Neves disse...

Todos devemos seguir consciencializados de que , pelo menos, tentamos.

Anjo Selvagem disse...

Mais um texto lindissimo :) Parabéns pela escrita!! Adorei :)