sábado, dezembro 10, 2011

engendro imprudente.


Ordenei ao coração que me ouvisse. Este músculo desconcertante nunca segue a voz da razão e acaba sempre magoado e ferido nas paredes dos sentimentos que alberga. Queria eu que me escutasse uma única vez e que deixasse de abrigar quem nunca lhe quis bem e jamais impediu a saudade de o corroer. Pensa bem, coração, julgas realmente que ele mereceu toda a dedicação que lhe entregaste? Achas que, por ventura,em algum segundo, preocupou-se com a tua integridade ou se te mantinhas intacto? Deixa-me que te murmure, nestas dolorosas palavras, que aquele ser que tanto veneras e teimas em não deixar partir, nunca se preocupou contigo ou comigo, o invólucro que te hospeda. Sempre que tiveste frio, o rapaz que tanto amas direccionou o fogo do seu corpo para sul, deixando-te escondido e revoltado, face a face com as minhas tíbias costelas. Não achas ainda, após estes vocábulos dilacerantes, que o nome que tatuaste nas tuas artérias foi despropositado e que te revelaste incauto? O corpo que querias sentir a latejar no meu morreu naquele entardecer. Desfaleceu no desejo que sentias e não quis guardar o sussurro que lhe introduziste sob a pele. Tu não sabes nada, coração. Foste engendro imprudente neste corpo e afundaste em mágoa os restantes orgãos. Resguarda-te no silêncio enquanto os salvo de uma prolongada e desnecessária dor e recorda-te que amanhã, a voz será entregue á razão porque tu, tu causaste danos que bastem por uma vida.

4 comentários:

Alícia disse...

adorei (:

TDelMona disse...

Tão lindo o:
ADOREI !!!

joanaf disse...

brinca :o escrever como eu porquê se escreves mil vezes melhor? eu amo o que tu escreves

disse...

adorei princesinha