quarta-feira, dezembro 07, 2011

compasso.



Neste compasso de querer-te e simultaneamente, repudiar este desejo que me apodrece o sentir, não sei onde coloquei a alma. Não estou certa, mas uma parte de mim julga que a levaste contigo quando partiste-me o coração. Não foi suficiente quebrares-me a vontade de existir? Deixares-me nesta constante agonia e suspensa nesta sensação de vazio que me impede de adormecer  a exaustão que os afectos me provocam? Não te contentaste com o coração decerto; conhecendo-te como a palma da minha mão, agarraste-me na alma e escondeste-a num recanto qualquer para que sem o meu intímo, ninguém me conseguisse amar. Vazia e desprovida da minha consistência, apenas tu terias coragem de procurar-me e usar-me sempre que os teus sentidos o aprouvessem. Julgas ser detentor de tudo o que sou e manobras-me, rasgando pedaços de mim e jogando-os em diversos sentidos para que nenhum outro ser consiga importar-se comigo a ponto de reconstruir-me. Não é, de todo, justo. Alguma vez pensaste nisso, em como devoras o amor que nutro por esse amargo cerne com as tuas palavras mordidas de insensibilidade? Tu seguiste em frente, com a minha alma guardada nas mãos, e envolveste-te numa aparente felicidade. Eu, por mais que tente fugir e ser forte, a ausência de um interior inteiro e capaz puxa-me de novo para o caminho que indubitavelmente, conduz a ti. Por mais que me revolte, teimas em não devolver o que outrora confiei-te por ter descansado a cabeça no teu peito e ter ouvido um coração que pulsava. Oh,Orgão fingidor! Se eu soubesse naquele dia que o teu lado esquerdo apenas batia porque assim o instruíste a fim de ludibriar-me! E nesse segundo do nosso passado, deixaste o meu coração confundido na miscigenação de cisco no mesmo momento em que escondeste a minha alma por entre os teus infieis e instáveis dedos...

4 comentários:

Dário Rodrigues disse...

Compasso perfeito de palavras...

Beijo

carina disse...

oh,muito muito obrigada:)

mary disse...

oh obrigada:):)

ana rita disse...

gosto muito!