Quando a solidão insiste em apertar o meu dolorido coração, pergunto-me como me sentiria hoje se não te tivesse conhecido no passado. Certamente, não passaria os infindáveis dias a gritar á minha alma que não és o mais acertado para afagar o meu cansaço. Se não tivesses queimado o meu coração com sentimentos inflamáveis e deixado o mesmo ao relento, suplicando por uma réstia de compaixão tua, eu conseguiria sentir a alma ligeiramente amena. A minha vida seria, com certeza, parca em paixões enlouquecidas, em corpos que se perderam nas labaredas do fruto proibido ou em momentos fugidios em que cedi erradamente ao amor que deflagrava na saudade tão fragilizada pelo teu toque. Mas, se não nos tivéssemos cruzado neste destino comum, pouparia a vastidão de lágrimas que me coíbo, a cada momento de ausência tua, de derramar. Não sentiria, sem dúvida alguma, o animo trucidado pelas falsas promessas nem o peito vazio pela ausência de um coração inteiro.
No entanto, consigo sentir um fragmentado alento quando me apercebo que, se não fosse por te ter conhecido, não acolheria no meu remanescente cerne, o significado desse sentimento a que apelidam de "amor".
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