terça-feira, novembro 29, 2011

the merry go round.

[ Tu és o único desejo que ainda faz(ia) sentido.]



Cansada da solidão e de vislumbrar apenas restos de almas que não respondiam á minha, aventurei-me pelas diversões da cidade. O carrossel captou-me, quase de imediato, os moribundos sentidos. Neste rodopio de emoções, encontramo-nos pela primeira vez. Tu juraste nunca perder de vista o meu olhar e eu prometi-te nunca largar a tua mão. Oh, e como eu quis soldar os meus dedos nos teus, num molde perfeito nesta eternidade  de ansejos! 
No entanto, bastaram duas voltas para que as nossas promessas se esfumassem. Á terceira, olhei em redor e tinhas desaparecido. Assustada, assim que a viagem terminou, e com os olhos rasos de água, percorri a feira. Passei por mil e um rostos, esbarrei na carrinha de algodão doce e desviei-me dos palhaços, mas de ti nem sinal. Quase em pânico, iniciei uma corrida frenética contra o tempo enquanto o mundo continuava a girar sem nós. Gritei aos ventos por ajuda, perguntei por ti e, numa vã tentativa, falharam-me as palavras para descrever-te.
Ao fim do dia, embalada pelo frio que me causava rouquidão, deixei-me adormecer na tenda do circo local; num local tão sombrio quanto o meu coração desde que desprendemos as mãos...
Calejada pelo frio que se alastrara á minha alma e resistindo ao devastador cansaço que sobre mim se abatera, sigo a trémula luz que subitamente surge diante do meu estremecido olhar. A claridade incide sobre dedos entrelaçados que escarnecem o gelo em mim e enquanto lágrimas escurecem-me todas as promessas de amor outrora trocadas, admiro sarcasticamente o olhar vazio que jurou não se perder do meu e, num derradeiro suspiro, liberto finalmente a minha mão da tua que ma estrangulava, enquanto tu, emudecido, continuas entretecido nos esguios dedos da tua nova e duradoura conquista.

Sem comentários: