quarta-feira, novembro 23, 2011

armadura de papel.





Tento preencher diariamente a minha alma com chávenas de café quente, música e histórias com finais felizes. Antes de sair para o mundo, afasto o coração do caminho e fecho-o no meu quarto para que não me acompanhe. Torna-se tudo menos doloroso quando não trago no intímo os sentimentos que nasceram em mim quando conheci-te. A razão é sempre uma melhor companhia e nunca me estrangula o sorriso. Refugio-me em olhares familiares, vozes que me acalmam o revoltado cerne e em canções que não me recordam a nossa história. Evito a todo o custo a tristeza de não te ter para que o fogo da minha pele não se extingua na tua ausência.
Os únicos momentos em que não consigo esconder a saudade e impedi-la de rasgar de dentro para fora, são as horas em que, no silêncio da minha existência, trancada no quarto, a solidão arranca-me á razão e recoloca-me o coração no peito, entre costelas deslocadas pelas vezes em que o arranquei a sangue frio. Despojada de todas as defesas que erguo no ínicio de cada dia, sou obrigada a deixar a armadura de papel que me proteje e as lágrimas contidas nas restantes vinte e três horas correm velozmente, cansadas do encarceramento a que foram sujeitas. Faltam-me finalmente as forças e, no frio da falta que me fazes a cada atormentado segundo, acabo por adormecer a sussurrar o teu nome, abatida pela fadiga que me desgasta emocional e fisicamente... 

2 comentários:

Inês' disse...

obrigada . sigo de volta $:

Maria disse...

ohh, adoro!