domingo, abril 15, 2007
Escrevo-te para nao existires...
Escrevo-te para não existires. Não quero que entres neste texto. Não tens uma vida que eu possa compreender. Alguns momentos no teu pensamento nunca serão uma vida. Não me faças odiar a minha escrita de forma a humanizar o tempo. Não entres nesse lugar interior onde sabes que estão guardados todos os sentimentos que eu utilizo para te destruir. Quero que vivas fora do meu ódio. Quero que ames longe do meu amor. Estou farta de salões de palavras em silêncios luminosos. Não escrevo a tua história porque sei que és um final infeliz. A tua força é excessiva para as minhas qualidades humanas. Nem as minhas palavras servirão de pronto a vestir para as tuas carências. Tenho ainda o teu corpo tatuado nos meus braços. Se o amor não fosse tão infantil, se tu próprio não fosses a criança que transportas na forma de amar, então tudo o que eu te escrevo seria perverso e desumano. Prefiro que seja o teu silêncio a derrubar todas as palavras que nunca escreverei. Aviso-te: as palavras só ameaçam quem as profere. Não posso escrever-te dentro desta escrita. Dizias na força de existires que te sentias uma mulher carente. E eu acompanhava esse choro na impossibilidade de te compreender. As palavras nunca serão a verdade daquilo que sentimos. A verdade é uma linguagem do silêncio. Nunca tive medo do silêncio, porque o silêncio é o meu acto de viver. Tu não. Tu vives sem silêncio. Vives com palavras a mais. Porque tu és um labirinto que arruina o meu pensamento. Não te quero viva neste texto nem em memória nas minhas palavras. Não quero a tua presença neste tempo construído de palavras desumanas. Quero ser eu a perder nesta escrita de enganos. Só os juízos de valor e comportamento dos outros são injustos. E o silêncio nunca foi de ouro.Às vezes não me apetece magoar ninguém, mas se magoo é porque está escrito.
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