sábado, junho 24, 2006

Madrugada cruel


Não vou dizer que não doí. Não vou dizer que não me destroí. Destroi(s) num tempo que não é teu. Num tempo que me é alheio.
Ficas nessa inquietude dos dias á espera de me apunhalares tão ao de leve.
Lancei-me feliz naquela manhã ao rever-te após não estares lá durante algum tempo. Mas agora estavas. Estavas de relance, de meias medidas. Provocavas-me sem querer querendo.
E depois, veio aquela manhã em que (te) tentei içar (a) algo, mas tu não deixaste. Aquela manhã de tentação em relação a algo que era meu. Tudo o que era meu e nada era de alguém. Esse alguém que hoje me deixou á porta. Espera num largo demorado. Num avanço perdido. Esse alguém está hoje por ti, simplesmente á espera.
Enquanto eu também espero, pela manhã em que não me acordaste. Pela manhã em que nem sequer quiseste escolher. Pela manhã que escolheste tudo o que era só meu. Só e apenas, meu.
Amanhã será uma mera manhã fatidica ao largo da encosta que sempre sonhei e era enseada de muitos marinheiros mas nunca minha.

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