Nunca fui motivo para alguém permanecer. Toda a minha existência ouvi que sou especial, que sou uma grande perda, que sou única, mas na hora que realmente importa, nunca ninguém ficou. Ninguém sentiu uma necessidade urgente de olhar-me olhos nos olhos e dizer: " eu não posso perder-te". Jamais senti alguém lutando por mim com o mesmo desespero que sempre lutei para manter pessoas ao meu lado. Eu sempre dei o meu melhor. Entreguei-me de corpo, alma e coração. Sempre estive ali, mesmo quando não precisavam assim tanto de mim. Fui presença, fui apoio, fui amor. No final, sou sempre a pessoa que se despede sozinha, que vê as costas de quem vai embora sem olhar para trás. Sou a que sente um vazio constante, uma sensação de abandono que se repete de uma forma cruelmente sistemática. Tenho novamente um vazio colado no lado esquerdo do peito afagando este coração partido. Como se eu nunca tivesse sido suficiente para ninguém. E o que mais doi não é a solidão, mas a sensação de ser facilmente substituível. De sentir e perceber, com um aperto no cerne, que por mais que me tenha doado, a minha ausência nunca pesou o suficiente para fazer alguém quedar-se.
Madrugada cruel
sexta-feira, março 21, 2025
Um último beijo.
Nunca fui motivo para alguém permanecer. Toda a minha existência ouvi que sou especial, que sou uma grande perda, que sou única, mas na hora que realmente importa, nunca ninguém ficou. Ninguém sentiu uma necessidade urgente de olhar-me olhos nos olhos e dizer: " eu não posso perder-te". Jamais senti alguém lutando por mim com o mesmo desespero que sempre lutei para manter pessoas ao meu lado. Eu sempre dei o meu melhor. Entreguei-me de corpo, alma e coração. Sempre estive ali, mesmo quando não precisavam assim tanto de mim. Fui presença, fui apoio, fui amor. No final, sou sempre a pessoa que se despede sozinha, que vê as costas de quem vai embora sem olhar para trás. Sou a que sente um vazio constante, uma sensação de abandono que se repete de uma forma cruelmente sistemática. Tenho novamente um vazio colado no lado esquerdo do peito afagando este coração partido. Como se eu nunca tivesse sido suficiente para ninguém. E o que mais doi não é a solidão, mas a sensação de ser facilmente substituível. De sentir e perceber, com um aperto no cerne, que por mais que me tenha doado, a minha ausência nunca pesou o suficiente para fazer alguém quedar-se.
terça-feira, fevereiro 11, 2025
Mijn Liefje.
Passaram-se cento e noventa e duas horas desde que envolveste o meu coração nos teus esguios dedos e o levaste contigo. Sinto-me ainda tão perdida como se tivesse acabado de acontecer. " Eu não vou a lugar nenhum", prometias-me tu com o olhar mais sincero que eu julgava ter encostado ao meu. " Tu és a minha garota, eu amo-te", e eu voltei a acreditar em ti. Eu, que nunca confio em ninguém e cismo com a minha própria sombra, despojei-me de todas as inseguranças e entreguei-me sem medos nas tuas mãos. Eu que sempre fugi de intimidade e vulnerabilidade, por ti fui menina frágil e inocente. Contigo fiz tanta coisa pela primeira vez por sentir que serias para sempre. "Nunca vou deixar de amar-te, posso é nem sempre demonstrar esse amor" clamavas tu em meio rumo para a nossa caminhada. " Quero proteger-te até ao resto das nossas vidas", no entanto permaneço aqui envolta na escuridão e na solidão em que me lançaste. Descansei todos os receios nos teus braços fortes que me faziam sentir tão segura e irremediavelmente deixei-me ir. Ainda me doís no lado esquerdo do peito. A dor emocional cravejada no meu tórax parece quase física e não menos real. As palavras dignas de um conto de fadas deram lugar a facas afiadas que me desferiram golpes cruéis. " Só sempre senti uma amizade forte em vez de amor", foi neste instante que retiraste todo o amor que juravas sentir por mim e dei por mim a cair num abismo de ilusões. " Não senti saudades tuas", o momento em que me apercebi que afinal o resto das nossas vidas seria por percursos diferentes. O dia em que percebi que não voltaria a sentir os teus intensos beijos, as tuas mãos entrelaçadas nas minhas, os teus abraços em redor do meu corpo, o teu calor na nossa cama, no nosso quarto, os meus pertences enjaulados num saco aleatório como se fosse a tarefa mais fácil expulsar-me da tua vida sem dó nem piedade; esse foi o dia em que uma parte de mim fatalmente morreu e permaneceu contigo. Nunca voltarei a ser inteira como fui contigo, mijn liefje. Nunca voltarei a permitir que alguém me abandone da forma vil que tu fizeste, sem arrependimentos, sem remorsos, levando o meu coração esmagado entre as suas mãos. E imersa nesta grande tristeza, volto a soluçar por entre lágrimas, lamentando não teres sentido arrependimento pela tua inclemente decisão.
terça-feira, fevereiro 04, 2025
Devo pedir desculpa?
Hei-de pedir-te desculpa porquê? Por ter sentido amor verdadeiro por ti? Por ter desculpado e ignorado atitudes tuas que me magoavam? Por ter insistido em permanecer na tua vida por diversas vezes quando em cada ocasião tentaste afastar-me com a tua indiferença? Diz-me, devo pedir desculpa porquê? Por ter acreditado, apoiado e incentivado os teus sonhos enquanto ignorava as minhas necessidades? Por ter feito de ti a prioridade da minha vida quando sempre me deixaste para depois, para mais tarde, quando tu sempre adiaste-me por teres a certeza que eu estaria lá incondicionalmente? Devo pedir-te desculpa por não ter conseguido evitar as lágrimas no meu rosto face ao teu comportamento injusto, ingrato e tantas vezes insensível que tinhas comigo? Desculpas por mimar-te, agradar-te, por entregar-te o melhor que tinha dentro de mim, o melhor que eu sentia, mesmo quando sentia que nunca fizeste questão de entregar esse amor de volta? Afinal eu devo pedir desculpas porquê? Por ter deixado sempre tudo para depois por ti, por ter arriscado tanto, por ter baixado todas as minhas defesas por causa de uma ilusão, tudo para permanecer ao lado de alguém que tem uma mente fraca, dúbia, inconstante e instável? Por ter suportado o teu egoísmo de forma estoica? Por ter aceite coisas que ninguém aceitaria? Por ter doado tudo de mim para no final acabar como sempre? Devo implorar-te por perdão por ter acreditado piamente em ti quando me dizias que também querias o meu coração nas tuas mãos sem máscaras e de forma transparente e fiel? Por jurares que querias que tudo fosse diferente, que eu era o amor da tua vida, que também sentias, que também amavas? Afinal qual foi o meu erro? Qual foi a minha grande falha? Não consigo perceber. Diz-me, suplico-te. Devo pedir-te desculpa por ter sentido tudo sozinha? Devo pedir-te desculpa por sentir tanto por ti? Honestamente, diz-me, depois do quanto destroçaste o meu peito e o quanto pisaste no meu coração, o quanto troçaste do meu amor e riste desalmadamente da minha cara, quem deve um pedido de desculpa a quem?