sexta-feira, março 21, 2025

Um último beijo.

  

 
Despediste-te de mim beijando-me a testa e rasgando-me a alma...

Nunca fui motivo para alguém permanecer. Toda a minha existência ouvi que sou especial, que sou uma grande perda, que sou única, mas na hora que realmente importa, nunca ninguém ficou. Ninguém sentiu uma necessidade urgente de olhar-me olhos nos olhos e dizer: " eu não posso perder-te". Jamais senti alguém lutando por mim com o mesmo desespero que sempre lutei para manter pessoas ao meu lado. Eu sempre dei o meu melhor. Entreguei-me de corpo, alma e coração. Sempre estive ali, mesmo quando não precisavam assim tanto de mim. Fui presença, fui apoio, fui amor. No final, sou sempre a pessoa que se despede sozinha, que vê as costas de quem vai embora sem olhar para trás. Sou a que sente um vazio constante, uma sensação de abandono que se repete de uma forma cruelmente sistemática. Tenho novamente um vazio colado no lado esquerdo do peito afagando este coração partido. Como se eu nunca tivesse sido suficiente para ninguém.  E o que mais doi não é a solidão, mas a sensação de ser facilmente substituível. De sentir e perceber, com um aperto no cerne, que por mais que me tenha doado, a minha ausência nunca pesou o suficiente para fazer alguém quedar-se.

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