sexta-feira, fevereiro 01, 2013

Hora marcada




Fechei os olhos e, concentrada na escuridão em que emergia, acreditei que estava tudo bem. Engoli em seco e, com a garganta extremamente ressequida pelo ardor que nela vigorava, guardei dentro do peito calejado as lágrimas que insistiam, teimosamente, em surgir. Disse-te que percebia as palavras dolosas que me entregavas e sorri da melhor maneira que consegui, rasgando o rosto e esquecendo as mágoas fabricadas em segundos. Tentei apagar da minha mente a dor que me causava a tua ausência de saudades minhas, o contínuo silêncio que roças na minha alma diariamente, o momento que eu vislumbrei apenas na minha sequiosa imaginação e que nela continha os teus lábios a dizerem-me que a minha falta causava o despedaçar do teu coração. Prometi-te um novo encontro e tu, ingenuamente, acreditaste nas minhas falsas juras, ou por não me conheceres bem, ou por o meu sorriso ser realmente credivel. Deixaste-me partir aos poucos e poucos e nunca te apercebeste do meu abandono; não recolheste os fragmentos que eu subtilmente, fui deixando no teu caminho para que, se assim o desejasses, encontrasses novamente o teu rumo até ao meu ansioso cerne, Foste desiludindo-me cada vez mais e a necessidade de estar constantemente a teu lado esvaiu-se de mim. Ainda gosto de ti, não penses que deixei de nutrir esse sentimento tão altruísta que me carcome o animo em vez de o alimentar; mas não preciso de ti. Quase consigo acreditar nestes meus tristes vocábulos quando reafirmo, sobretudo perante mim própria, que estou praticamente inteira e que não voltarei a fazer da tua presença uma prioridade. O  meu coração, a partir deste instante,  decidiu fechar portas sempre e cada vez que ouvir o teu nome. Acredito que o mesmo tomou a decisão acertada ainda que esta o tenha enfraquecido de modo irreversivel. Tu não mereces a importância que ele te deu e infelizmente, ainda te dá, ocasionalmente. Prometi-te encontrar-me contigo, em breve, numa nova madrugada, mas se irei aparecer á hora marcada, só o tempo o dirá...

1 comentário:

Catarina disse...

Desculpa a identifico. Escreves super bem, identifico me muito com cada texto. Parabéns!