quinta-feira, setembro 06, 2012

sabor envenenado.



Sinto-me morta por dentro sem que ninguém se aperceba desta decomposição. O coração partido grita que me avisou vezes sem conta que não aguentaria um novo choque e eu recusei-me a ouvi-lo. Tu eras diferente, dizia-lhe eu. Tu guardavas carinhos na tua alma que eu ansiava por desvendar e cuidavas de mim nas tuas mãos ásperas e ainda assim, macias. As tuas palavas eram rudes mas eu sabia serem apenas uma auto-defesa e não um mecanismo de tortura contra mim... Hoje, tudo mudou. Sou uma ingénua sentimental e mereco a dor que auto-infligi ao meu corpo espiritualmente lacerado. Acreditei em vocábulos ardilosos, em falsas promessas e numa personalidade composta de falsidade e intentos duvidosos. Fui usada e descartada sem qualquer problema de consciência da tua parte, como uma boneca de que nos despojamos quando já não gostamos dela. Este buraco enorme que cresce dentro de mim e devora-me a alma e o coração dilacerado, voltará para apodrecer-te a pseudo-felicidade que dizes possuir neste momento. Queria ser possível arrancar estes meus braços que te abraçaram numa última tentativa desesperada e esmagar estes lábios traiçoeiros contra algo que não a tua boca para esquecer o teu sabor envenenado. Sofrerei, chorarei e amaldiçoarei essa tua raça indigna do ar que respira e, finalmente, num momento catártico, respirarei sem este amor que me estrangula os pulmões e que cuspo misturado com o ódio que me ensinaste, hoje, a sentir por ti...

Sem comentários: