terça-feira, agosto 14, 2012

reconhecimento de uma paixão.




Apaixonei-me perdida e irremediavelmente. Tenho consciência que cometi um erro crasso no momento em que anulei as defesas que habitualmente guardam o meu desprotegido coração, e permiti-me sentir. Apaixonei-me não por ti que insistes em violar-me este orgão tolo e ingènuo e em roçar o teu desapego na alma putrefacta pelas promessas invisíveis. Rendi-me a ti, o menino com olhos azuis repletos de sonhos que me olhava avidamente e envolvia-me com palavras ternas. Aprendi a gostar cada vez mais do colector de almas como a minha por causa dos pequenos momentos que alimentavam este amor. Gostei de ti quando me segredaste ao ouvido " beija-me" para que não houvessem mal-entendidos. Perdi-me um pedacinho mais quando disseste apreciar tudo o que desgosto em mim. O meu último suspiro independente foi quando me apertaste nos teus braços num abraço que me enredou não apenas o corpo, mas também o coração. Hoje, este estúpido e dissimulado orgão só bate compassadamente porque é obrigado a isso. Na tua presença, no entanto, queima-me o peito numa dança desenfreada em simultâneo com os nervos que se apoderam do meu tronco e as borboletas (que se encontram, obviamente, sob ordens tuas) sobem e descem do estomâgo até á garganta num ritmo enlouquecido. Estou a amar-te, contra a minha vontade... luto com todas as forças que me restam para não suplicar por um vislumbre teu, não ansiar por algumas palavras tuas ou não sucumbir ao sentir o teu aroma inebriante ou a tua presença inconfundível nos arredores da minha carência de ti. Fui parva, admito... prometi não entregar o coração a ninguém depois que fora repetidamente partido. Acreditei piamente que não se partiria duas vezes e, quiçá mais importante, cri que tu nunca o irias quebrar, como juraste tantas vezes ao meu medo de te perder. O dano causado é, neste instante, duas vezes maior. A dor é quase insuportável e o sangue derramado no meu interior sempre que relembro a falta que sinto de tudo o que o meu coração memorizou acerca de ti, praticamente irrecuperável. Mas é demasiado tarde, tenho plena consciência disso. Perdi-me em tantos momentos sempre que me entreguei nos teus braços e ignorei os lamentos dos meus afectos. Sinto a saudade a dilacerar-me o peito e a estreitá-lo numa agonia que me impede de sorrir na tua ausência. Um sorriso seria quase uma forma de traição considerando tudo o que vivemos e o quanto fui feliz contigo. Cada minuto longe de ti é uma tortura extenuante que nunca pensei ser capaz de sensoriar. Apesar de tudo, sou incapaz de desistir de ti a menos que pronuncies ser essa a tua vontade. Não o farei, mesmo que a saudade murmure á minha fatigada mente ser o mais acertado para um coração que não suporta viver neste tronco amaldiçoado...

1 comentário:

Filipe Ribeiro disse...

está qualquer coisa de maravilhosooooo *