quarta-feira, julho 04, 2012

alguém que não és tu.



Tento desesperadamente arrancar este antigo amor das minhas entranhas. O teu sabor amargo ainda percorre, no entanto, este  coração agridoce que insiste em guardar o teu nome nas suas paredes. Procuro incessantemente fluídos e gostos que me permitam adormecer, de forma intemporal, as sensações que, ainda que eu não queira, continuas a provocar  no meu ser. Resguardo-me no silêncio, nesse poderoso grito mudo, esperando que assim, tu acredites que te esqueci e arranquei-te definitivamente deste teimoso cerne. Pronunciei as palavras, querendo com toda a força que me resta, acreditar que este amor estava finalmente morto. E quase cri nesta pseudo-realidade que impus ás nossas existências distanciadas. Agarrei-me firmemente aos vocábulos que te entreguei em mãos e fingi como nunca, ser capaz de atirar o passado para trás das costas, sem remorsos e sem meias medidas. A mágoa e a certeza de não querer voltar a ver-te ou trocar algumas palavras contigo, duraram apenas alguns escassos dias. Um novo toque, um paladar em nada semelhante ao teu, um timbre de voz que destoa do ambiente em que estou envolvida, foram o suficiente para relembrar-me que não estou nos teus braços. Não são os teus beijos que me incendeiam os lábios sedentos de carinho e atenção. Eu tento, forço o meu coração a seguir em frente, comando o cérebro a racionalizar o que nunca fomos e a entender que uma nova alma seria tudo o que eu preciso e que estes dissemelhantes afectos são exactamente o que necessito para voltar a sentir-me completa, inteira e amada. Mas, o carinho e o desejo que sinto por este espírito que me prende, não se comparam ao sentimento exacerbado que me consumia quando deixava-me cair em ti. O fogo que em mim queimava, o brilho cadente no olhar, o desejo impregnado nas palavras sequiosas de um fragmento teu, o significado latente do teu nome no meu interior; são estes os sentimentos que faltam no meu amâgo e que me impedem de sorrir abertamente como eu gostaria de fazer. Interpelaste-me, com as palavras banhadas em tristeza, por que motivo não trazia no rosto a felicidade que devia... contornei a questão e evitei responder-te francamente porque a verdade, a realidade é que não poderia de maneira alguma retorquir que me agrada imenso os nossos momentos e tudo o que acontece quando nos abandonamos um no outro... mas o meu coração ainda chama por alguém que não és tu.

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