segunda-feira, julho 21, 2014

A nossa penitência.


Teimoso e intolerante este destino que insiste em manter-nos separados. Concede-nos escassas horas para sacudirmos violentamente os desejos e cuspirmos palavras a uma velocidade feroz antes que a distância volte a interpor-se no caminho. Pondero na quietude da minha solidão, sem saber se te encontras embalado pela mesma saudade que eu, se este amor que sempre nos uniu será o que basta para que não nos esqueçamos da paixão que nos consome sempre que os nossos corpos colidem de forma violenta, que a tua pele devora a minha, que os nossos lábios se perdem numa unidade apenas. Doi incondicionalmente saber e pressentir que os instantes em que impedimos a saudade de nos atormentar terão que durar novas eternidades até que o destino interrompa novamente a nossa penitência. Deixo-me acalentar entretanto pelas agridoces recordações das palavras tatuadas a desejo e prazer no peito escaldado, da sede gravada nos troncos a sangue e saliva, do amor que tentei expulsar do torturado peito mas que a nossa sina insiste em retornar sempre que regressas ao meu mundo.

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