domingo, junho 02, 2013

Cais das recordações.




Desprendo-me das memórias ao sabor do vento. Flutuam as palavras numa fluência absurda e a ausência de  sentimentos percorre-me o coração revigorado. Recordo com alguma nostalgia a angústia que, neste mesmo sítio, se apoderava do meu ser, causando-me uma dor imensa. O aroma ameno que paira no ar reaviva-me a mente. O amor que sentia nesse passado recente que relembro agora, consumia-me por inteiro, mesmo quando este consistia, na sua maior parte, numa dor que não conseguia acalentar e ainda menos, compreender. As ondas do mar rebentam na encosta, mas, desta vez, não magoam nem confundem o coração que abrigo dentro de mim. O meu único ressentimento sempre que vejo o teu rosto nas recordações que guardo de ti, prende-se ao facto de perceber, com uma enorme tristeza adjacente á minha alma, que a agonia que outrora nutria devido aos sentires que queimavam o meu interior, superava a intensidade do que sinto actualmente por um ser que difere completamente daquele que, com uma saudade tremenda, recordo enquanto me deixo embalar suavemente pelas ondas do mar e pela brisa fresca que brinca com os fios do meu cabelo e quiçá, com as minhas ávidas memórias...

5 comentários:

Lúcia Pereira disse...

o texto está simplesmente lindo!

filipa eça fonseca disse...

está lindíssimo!

claire disse...

isto sim está deslumbrante. as tuas palavras conjugam-se sempre da melhor forma:)

Diana Sousa disse...

Adorei.

db disse...

muito bom!