quarta-feira, agosto 08, 2012

O que me cativa em ti?




Não te mexas nem te esquives. Não te desvies um centímetro que seja, peço-te. Se for possível, inala somente o mesmo ar que eu para que nos reste um momento de intimidade. Quero ficar presa neste instante e tentar perceber o que tanto me cativa em ti. Saber porque és molde enlouquecido de todas as formas de raiva que me percorrem o corpo. Construir todas as desculpas para chegar a ti e ser demasiado cobarde, acabando por não usar nenhuma. Quero cobiçar-te á distância, impedida de sentir o teu semblante em mim no modo presente, admirando a medo os teus contornos raros e perfeitos aliados a uma persona peculiar e extraordinária. Recordar os momentos que me fizeram sorrir e que se entranharam na minha vivência de um modo tão pessoal e intransmissível que me impedem de pensar em algo que não sejas tu.
Sou mera personagem nesta história por narrar e este amor estranho que me assoma o tronco e o espírito de  maneira quase selvagem e arrebatadora, não se explica nem desaparece. Preenche cada cantinho do coração, mesmos os mais escondidos e de díficil acesso, fazendo-o estremecer sempre que ouve o teu nome ou sente a tua presença. Quero que seja uma possibilidade sentir o que sentes, respirar o teu oxigénio e apelidar-te meu em todos os sentidos das palavras frívolas e desprovidas de um significado que me complete. Ser o que vês e almejas, acreditanto na minha importância colada á tua essência, neste sentir que não sou eu apenas... somos nós. Repousar nos teus braços o aroma inconfundível e perder-me no infinito dos teus olhos. Arrancar-me á dor de estar longe de ti mais vezes do que o meu coração me permitiria, se fosse ele dono e senhor das tuas acções. Sou este tudo repleto de nada. Sou uma metade desfeita. Uma parte de um todo que se encontra em ti. Uma contradição de sentires em que te amo num segundo e odeio-te no minuto que se lhe segue.
Porque, tu, estupras-me a alma com o dobro da intensidade que se espera de um cerne depravado como o teu. Rasgas-me e violas-me o coração, arrancando-o do peito com as tuas acções macabras e recolocando-o com palavras ternas para que possas continuamente usar-me, enquanto segredas-me tudo o que eu quero ouvir, recheando a tua boca com o veneno que cuspiste na minha. Enches-me de amor, drenas-me vida e esgotas-me com saudade. Sou forçada a querer-te sem perceber e aguardar pelas tuas constantes partidas e regressos sem desejar fazê-lo. E pergunto-me, enquanto preparas-me para ser enterrada na sepultura que cavas de forma gradual... O que me prende desesperadamente a ti a ponto de  consentir que a saudade mordaz e sarcástica se apodere da minha existência?