domingo, julho 01, 2012

o meu quarto.


Deitei-me na cama quente, recentemente feita com lençois lavados. A pele ressente-se com o calor de uma superfície que não é a tua e encolho-me num espaço que me parece demasiado grande sem ti. Bebo dois goles de água e fixo o olhar nas paredes brancas que me fazem sentir mais pequena. Esta solidão reflecte-se na minha alma e é a mais frequente causa dos meus delirios. A parte insana de mim pede que eu ceda á vontade que me arrebata o coração e que caia nos teus braços como se fosse uma donzela indefesa, expectante por um cavalheiro galante de olhos cor do céu. Respiro ofegantemente, tentando abstrair-me da recordação dos teus lábios que incendeiam os meus sempre que os mesmos se encontram no cruzamento do fogo que lentamente nos consome. A sensação que me percorre a espinha e desliza pelo meu sangue, provoca e altera os meus sentidos, dando asas a um desejo de guardar-te para sempre a meu lado. E sinto-me quase impotente, apercebendo-me que não consigo, por mais que tente, esquecer o sabor da tua boca ou as palavras que trocámos. O tempo parece-me arrastar os segundos de forma a zombar dos nossos sentimentos e manter-nos separados, permitindo que a saudade rasgue-me a alma e pinte de vermelho vivo um coração fragilizado e receoso que se apercebe tardiamente dos afectos que tu sopraste na minha direcção. O medo que sinto não é de te amar desenfreadamente pois sempre fui capaz de sentires exarcerbados e que carcomessem toda a esperança de sonhar com algo que não fosses tu... É um pânico inexplicável de ensinares este coração a amar as tuas imperfeições e a tua personalidade complexa e de me abandonares, exactamente na solidão deste quarto. Apago a luz do espaço onde me encontro e moldo o corpo dorido ao colchão que o abraça na ausência dos teus braços. Apercebo-me, no entanto, que o suspiro que as paredes do quarto têm vindo a guardar, transforma-se gradualmente num grito cortante e sonoro que soletra apenas o teu nome. Uma lágrima hesitante e fria desliza-me pelo rosto fatigado e compreendo que é demasiado tarde para escapar a este amâgo tresloucado de amor...

1 comentário:

samedi disse...

tens uma escrita linda!
está tão forte. adoro.