segunda-feira, julho 02, 2012

nós.


Deixaste-me a desejar mais de ti. Fiquei perdida, embalada nos braços da saudade durante várias eternidades. Hoje tudo foi diferente. Os abraços eram teus e as palavras eram parcas mas minhas. Os beijos esvoaçantes que insististe em pousar na minha tépida pele, eram nossos. Estamos a aprender a ser um "nós", não estamos? Senti, diversas vezes, o teu corpo a gritar o meu nome e o teu sangue a miscigenar-se com o meu, numa metáfora perfeita composta por desejo e paixão. É demasiado tarde, sabias? Aprendi a querer-te sempre e cada vez mais, não deixando margem para enganos ou para o meu coração suplicar por outra alma. A tua voz, a tua cadência de sentires, o sabor da tua pele lívida, a irascível e profunda maneira de seres estão impregnados em mim e recusam-se a abandonar-me. São pedacinhos teus soltos em mim, gravados como tatuagens revoltadas e que me impedem de esquecer-te. E ouviste os tons balbuciados pelos nossos corações enquanto os nossos corpos suavam e ardiam perdidos de desejo? Eram melodias divinais, sussurradas em uníssono, carentes de palavras meigas e de um olhar perdido embora fascinante como apenas o teu o sabe ser. Oh amor, dá-me liberdade de apelidar-te assim! Já não consigo ver-te de outra maneira que não entrelaçado na minha débil existência e enredado na minha carência. Já tenho saudades tuas, acreditas? Ainda hoje estive aninhada no teu peito, sentindo-me esmagada pela força do teu amor e tão protegida e cuidada; mas digo-te a medo... já me fazes falta de um modo que nunca pensei vir a ser possível. Aprendeste a ser especial mesmo no meio da confusão que o meu coração e a minha alma são e contrariaste todas as tendências em que eu cria. No entanto, mesmo nos instantes em que te abraço e prendo-te nos meus braços, tentando acreditar na improbabilidade de seres meu tornar-se numa realidade possível e exequível; o pânico de perder-te e deixar-te escapulir por entre os dedos sem me aperceber, aperta-me o coração que, contra a minha vontade e ignorando os meus sábios conselhos, perdeu-se em ti. Estou á deriva em ti, sinto-o de uma forma quase cruel... mas também sei, ainda que preferisse ignorar este facto, que tu não partilhas da minha certeza. Resta-me saber se não hospedas em ti a sapiência que abrigo por seres alma insegura e que necessita constantemente de ouvir bradar o seu nome como causador de determinados sentires ou se, contrariamente ao que o meu coração quer fazer-me crer, és apenas fingidor de afectos e brincas com os meus sentimentos nas tuas mãos...  

1 comentário:

Sofia Silva disse...

gostei, muito bonito mesmo :')
bejinho * Monstros no Armário