quinta-feira, junho 28, 2012

de corpo e alma.



Quase que nos perdíamos irremediavelmente. Libertámos partículas de amor em todas as direcções e esquecemo-nos de as guardar dentro de nós próprios. E, por me sentir dispersa, insegura e á deriva; o meu coração sentiu uma necessidade imperativa de escapar dos teus braços. Mas o corpo quis ficar aninhado no teu peito enquanto deslizavas as tuas ásperas mãos pelo meu selvagem cabelo que estranhava o teu toque carinhoso em contraste com a rudeza das tuas emoções. Tendo sentido mais a fundo o calor afrodisiaco da tua pele, apercebo-me agora que possivelmente, entreguei-te os meus sentimentos sem querer. Num descuido meu, quando as nossas peles se colaram ou os nossos lábios se devoraram, ou ainda quando os nossos dedos se entrelaçaram com a sofreguidão de quem sabe que momentos como estes são irrepetíveis. Penso mesmo que foram os abraços apertados que, apesar do calor que se fazia sentir no quarto, eram tudo o que os nossos corpos pediam. O suor em forma de amor que desgastámos, deveria eu saber, é um perigo para corações gastos como o meu, sequioso de fragmentos de felicidade e disposto a entregar-se a alguém como tu que, contra todas as probabilidades, fá-lo sentir-se especial e único. E este medo tão singular, foi, sem dúvida, o que impediu o meu corpo de ceder aos caprichos que o carcomiam ferozmente, de dentro para fora. Se me entregasse de  corpo e alma e o coração explodisse de  amor, acabaria certamente por sofrer. Conheço bem as minhas fraquezas e imagino que tudo terminaria amanhã ou depois, se por ti me apaixonasse...

2 comentários:

daniela fernandes disse...

Mantém as partículas bem dentro de ti; dele. De vós :)

samedi disse...

adoro! e adoro essa forma que tens de soltar as palavras. Perfeito.